Covid-19: o impacto da crise nos hábitos de consumo
À medida que o novo coronavírus (COVID-19) evoluiu em todo o mundo, os consumidores foram forçados a mudar drasticamente seus comportamentos de compra.
Em países, como a China onde o Covid-19 se espalhou a mais tempo, o consumo de laticínios tem aumentado como forma de fortalecer o sistema imunológico e combater o coronavírus. Um relatório da Embaixada do Uruguai na China divulgado pelo Instituto Nacional do Leite (Inale) indica que no país asiático estão incentivando o consumo de laticinios. Nas últimas semanas, houve um aumento específico no consumo de iogurte, cuja demanda deve continuar se expandindo assim que a atual situação de saúde for superada, diz o relatório.
O consumo de bebidas consideradas “saudáveis”, também segue aumentando. Segundo a Robobank, nos Estados Unidos, por exemplo, a compra de bebidas com claim de saudabilidade vem aumentando, com vendas recordes de água, bebidas isotônicas, café e chá. Em geral, as ocasiões de bebidas sem álcool são menos sociais do que as de bebidas alcoólicas. Assim, o consumo de bebidas fora de casa é mais facilmente substituído pelo consumo em casa. O instituto revelou também que o consumo de leite, cresceu 6.6% na semana de 8 de março.
Já no Brasil, uma nova pesquisa realizada pelo Kantar, entre 16 e 19 de março, identificou alguns novos direcionamentos dos consumidores, muito parecido com o que vem acontecendo em outros países. Entre as atitudes que estão sendo consideradas, 27% buscam alimentos mais saudáveis e nutritivos, 21% alimentos frescos e os mesmos 21% produtos de limpeza, enquanto 20% pretendem estocar alimentos básicos e comprar remédios para gripe e resfriado.
De acordo com a Ipsos, o período de tensão contribui para que as pessoas busquem novas opções de produtos. Por meio de pesquisas, descobriram que os consumidores estão mais abertos a novas ideias durante uma crise, pois seus hábitos corriqueiros foram interrompidos. Durante a última recessão nos Estados Unidos, as pessoas mudaram para marcas de menor custo. Muitos consumidores descobriram que estavam satisfeitos com estas marcas e decidiram continuar a comprá-las mesmo depois da crise.
Outro ponto abordado pela Ipsos é que a mudança para a compra online durante a crise pode tornar-se um comportamento permanente. É importante considerar o papel de eCommerce em lançamentos de novos produtos e desenvolver uma maior compreensão da dinâmica de lançamento de um novo produto online.
Os produtos longa vida ganham força
Alimentos com prazo de validade mais longos estão sendo cada vez mais procurados nos mercados, portanto a venda de produtos congelados ou em embalagens longa vida passaram a ter prioridade. De acordo com a Mintel, isso representa, uma espécie de mudança de paradigma para a alimentação, na medida em que os consumidores que evitavam as conservas e alimentos processados ao longo dos últimos anos ficam mais confortáveis para justificar tais compras. Isto abre a porta para uma mudança mais ampla e prolongada que pode dar mais importância aos produtos considerados “shelf stable”
Algumas ações das marcas podem ajudar o consumidor a retomar o consumo de produtos longa vida.
- Aproveitar as redes sociais e a internet para compartilhar dicas e receitas para aqueles que voltaram a fazer comida em casa
- O espaço para estocar os alimentos pode ser um desafio, por isso produtos em diversos tamanhos, pensando em porções menores e snacks para os que vivem sozinhos, além de opções maiores para famílias devem estar disponíveis.
- Produtos que ajudem a aumentar a imunidade dos consumidores tendem a ser mais procurados nos próximos meses.
As mudanças estão acontecendo, e em algum momento a vida dos consumidores retornarão à rotina. Cabe as marcas buscarem se adaptar a esse novo momento e estarem prontos para quando a crise passar.
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